terça-feira, 18 de agosto de 2015

Eleições Legislativas - 2015 (1) - O que nos faz votar?

Desde sempre que nos perseguimos
[os portugueses aos portugueses]
com veneno e brutalidade

- Vasco Pulido Valente. Público. 20.07.14 -

Somos convencionalmente pobres porque somos formalmente indisciplinados e incapazes de vermos as ferramentas que a Ciência dos Homens criou para a nossa bem-aventurança na experiência de viver o que nos foi dado exprimir. Estamos eternamente perdidos em saudades do que não conhecemos porque não vivemos os princípios simbólicos da experiência política, a democracia como forma de construir um País de esperança e solidariedade.

Há muitos factos, planetas de ideologia e sobre mantos de palavras velhas, muitos procuram a escravidão antiga. Os mesmos de sempre, pois ninguém muda por decreto. O futuro de todos os pensadores foi imaginarem uma forma de soberania, a que nos é dada pelo voto, pela escolha de pessoas, pela representação de ideias. As eleições podem ser a forma mais possível de exprimir vontades e sonhos. Para isso é preciso sedimentar aquilo que a revolução americana ensinou, a razão, como fundamento das escolhas. É aí que reside a soberania das pessoas, não no medo, nem na ideologia. É essa batalha que importa travar.

A razão está muitas vezes ofuscadas por narrativas que se modelam em falsidades ou em ocultação da verdade. A informação é essencial para que os cidadãos possam pelo debate lógico formalizar opiniões que sustentam uma soberania de pessoas, não de apenas o poder em si. Abraham Lincoln formalizou essa ideia na crença essencial que são os materiais desse conhecimento que com o respeito pelas Leis permitiram  a moralidade de sustentar uma Democracia. O primado da razão como Thomas Jefferson sublinhava depende de uma sociedade com estruturas intermédias, o que ele chamava os contrapesos. Portugal, como sabemos não os tem e por isso a sua fragilidade cívica é tão gritante.

As imagens vieram desvirtuar o conhecimento da realidade, porque se dá mais peso à imagem do que ao acontecimento, não se aprofundando as questões que a permitem compreender. E porque os media da imagem em Portugal estão dominados por comentadores que quase exclusivamente comentam a realidade a partir da sua ideologia. O que se espera de um militante de um partido a comentar a realidade se não utilizá-la em proveito próprio? 

Se Portugal nunca foi exemplo para o que Kenneth Galbraith chamava o plano das ideias, hoje as campanhas publicitárias induzem mensagens de pura mentira enganando eleitores e não colocando em questão o essencial. Como País em que cada partido se faz sempre contra os outros, em que cada plano cultural se joga contra outro, sem o compreender e aproveitar, há uma guerra latente antiga e estúpida na sociedade portuguesa.

É essencial levantar as questões mais importantes para as próximas eleições legislativas, acima das certezas de bissetriz de alguns, como uma religião e a descrença de outros, sem uma ideia clara para tornar a vida das pessoas algo de decente. É isso que tentaremos fazer nos próximos posts. É possível votar tendo consciência do que será feito, pois como disse Jon Stewart os criadores de aparência são desleixados e é fácil compreender os mecanismos mentais de formas de totalitarismo que se escondem em sorrisos de plástico. Começaremos pelos livros, pois existem fontes de informação que vale a pena conhecer. A realidade é o que nós construímos e não a velha e rançosa cartilha neo-liberal, there is no alternative. Think of it!

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