"O caracol que desejava conhecer os motivos da lentidão também não possuía um nome (tal como os restantes caracóis) e isso causava-lhe uma grande preocupação. Parecia-lhe injusto não ter um nome, e quando algum dos caracóis mais velhos lhe perguntava porque o queria, igualmente sem erguer a voz, respondia:
- Porque o calicanto se chama assim, calicanto, e por isso quando chove, por exemplo, dizemos que nos vamos refugiar sob as folhas do calicanto. Também o saboroso dente-de-leão se chama assim, dente-de-leão, e, por isso, quando dizemos que vamos comer umas folhas de dente-de-leão, já não comemos urtigas por engano.
Mas os argumentos do caracol que desejava conhecer os motivos da lentidão não despertavam grande interesse nos outros caracóis. Entre eles murmuravam que as coisas estavam bem assim, que bastavam saber o nome do calicanto, do dente-de-leão, do esquilo e da gralha, do prado a que chamamos País do Dente-de-Leão, e que não precisavam de mais nada para serem felizes sendo como eram, caracóis lentos e silenciosos, decididos a conservar a humidade dos seus corpos e a engordar para suportarem o longo inverno".
(As perguntas são sempre a mais
original forma de aprender, de descobrir, de viajar pelo que não conhecemos. Em
História de um caracol que descobriu a importância da lentidão, Luís Sepúlveda
criou uma narrativa simples que procura encontrar respostas para questões
simples. Paulo Galindro deu corpo a uma história simpática com um conjunto de
ilustrações que dão muita plasticidade a um caracol ávido de respostas, para
compreender o mundo em que vive).
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