domingo, 18 de maio de 2014

Astronomia

"Vou buscar uma das estrelas que caiu
do céu, esta noite. Ficou presa a um
ramo de árvore, mas só ela brilha,
único fruto luminoso do verão passado.

Ponho-a num frasco, para não se 
oxidar; e vejo-a apagar-se, contra
o vidro, à medida que o dia se 
aproxima, e o mundo desperta da noite.

Não se pode guardar uma estrela. O
seu lugar é no meio das constelações
e nuvens, onde o sonho a protege.

Por isso, tirei a estrela do frasco e
metia- no poema, onde voltou a brilhar,
no meio das palavras, de versos, de imagens".

Nuno Júdice, O breve sentimento do eterno, Edições Nelson de Matos, página 51

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