quarta-feira, 24 de maio de 2017

Leituras - LisboaLeipzig1

“Gostaria que sobrevivesse a afirmação que nós somos epifanias do mistério, e mistério que nos nossos balbuciamentos se desenrola.” (1)

A palavra foi-nos dada como ferramenta, como oportunidade viva de nomear as coisas, de encontrar formas de identificar a melodia das coisas e fazê-las integrar no que vemos. A palavra é tanto isso, como a expressão de uma Beleza, um quadro dourado de musas, aquilo que nos encanta, como um assombro, sem que o saibamos explicar. A palavra é esse artefacto de composição e esse deslumbramento. 

Com Maria Gabriela Llansol a palavra é uma narrativa à descoberta do corpo e de como ele se desenha naquilo que ela chamou "cenas fulgor", por onde observamos as formas de um mistério, a força ser ser e o Belo. Palavras, como um oráculo que fascinam e nos interrogam. Palavras difíceis, para habitantes da noite, ou viajantes de estrelas invertidas. Palavras belas a procurar decifrar a visão e o que nela nos afasta uns dos outros, uma forma de incomunicabilidade, quase uma ferida que separa a ternura do orgulho.

Essa "história silenciosa", onde o amante das coisas se esqueceu de apresentar a contemplação da miragem, o desejo mais de uma epifania. Tudo isso, os bens da terra: "o conhecimento, a abundância, a generosidade, o prazer do amante e a alegria de viver." (2)

(1; 2) - Maria Gabriela Llansol. (1988). LisboaLeipzig1. Lisboa: Rolim.

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