“Gostaria
que sobrevivesse a afirmação que nós somos epifanias do mistério, e mistério
que nos nossos balbuciamentos se desenrola.” (1)
A
palavra foi-nos dada como ferramenta, como oportunidade viva de nomear
as coisas, de encontrar formas de identificar a melodia das coisas e
fazê-las integrar no que vemos. A palavra é tanto isso, como a expressão
de uma Beleza, um quadro dourado de musas, aquilo que nos encanta, como
um assombro, sem que o saibamos explicar. A palavra é esse artefacto de
composição e esse deslumbramento.
Com
Maria Gabriela Llansol a palavra é uma narrativa à descoberta do corpo e
de como ele se desenha naquilo que ela chamou "cenas fulgor", por onde
observamos as formas de um mistério, a força ser ser e o Belo. Palavras,
como um oráculo que fascinam e nos interrogam. Palavras difíceis, para
habitantes da noite, ou viajantes de estrelas invertidas. Palavras belas
a procurar decifrar a visão e o que nela nos afasta uns dos outros, uma
forma de incomunicabilidade, quase uma ferida que separa a ternura do
orgulho.
Essa
"história silenciosa", onde o amante das coisas se esqueceu de
apresentar a contemplação da miragem, o desejo mais de uma epifania.
Tudo isso, os bens da terra: "o conhecimento, a abundância, a
generosidade, o prazer do amante e a alegria de viver." (2)
(1; 2) - Maria Gabriela Llansol. (1988). LisboaLeipzig1. Lisboa: Rolim.
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