Os primeiros anos do século XX escreveram as linhas de uma narrativa que daria aos neo-liberais as portas do seu saque civilizacional. A social-democracia terminava a sua respiração e a esquerda, a que institucionalmente gosta de se chamar isso oferecia à direita a velha avidez na qual esta sempre se reviu. O que vivemos é a construção de um mundo de psicopatas dominados por empresas e agentes, onde os direitos humanos são não só irrelevantes, como matéria-prima de desprezo.
Nessa história de horrores conduzida por bem falantes e ainda melhor vestidos, a política como um guarda-fato de eleição vale a pena identificar os que se conduzem pelo espírito do tempo. Votar numas eleições é muito saber que escolhas de valores humanos estão em discussão e embora os candidatos gostem do silêncio em salas de talheres barulhentos e louça fina não é difícil perceber essa atmosfera. O caso dos submarinos é um deles.
Ele comprova como as empresas e um Estado distraído promovem o sono da cidadania, retirando fundos essenciais ao que mais importa, justamente as pessoas. É evidente ao mais simplório dos indivíduos que um país como Portugal não tem nenhuma necessidade de ter armas de guerra sofisticadas como submarinos, excepto quando se pretende fazer a narrativa da glória e do poder feito em si, não na decência de milhares de cidadãos. A direita tem reconhecidamente uma simbologia de vaidade e políticos vaidosos expressam sumptuosamente os seus delírios.
Os Psicopatas, no seu sentido empresarial é alimentado em negócios cuja virtude de maximização, apenas deve procurar ao lado de todo o lucro, que todos os mecanismos de realização apareçam não revelados. O arquivamento de processos em que se prova, não que ilícitos não tenham acontecido, mas apenas que os dados encontrados não permitem uma conclusão já é suficiente. José Magalhães dá-nos em Submarinos.PT um livro que expõe todo o processo judicial decorrente da compra pelo Estado Português feita pelo governo PSD/CDS a um consórcio alemão de um conjunto de submarinos. Existem muitas lacunas no apuramento dos dados. Eis os mais significaticos:
- A condenação na Alemanha não trouxe elementos para o processo em Portugal, por via de um pacto de justiça local;
- A linha de pagamentos devidos ao Fisco tem uma rota de labirinto construída para dificultar o processo de averiguação;
- Os depósitos feitos em offshores demorou anos a ser revelados e mesmo assim nunca abriu o horizonte do fim do percurso;
- Houve destruição de provas dentro e no âmbito do Estado Português;
- Houve falta de comunicação em tempo útil entre o Ministério Público, o Tribunal de Contas e o Parlamento;
- Não há justificação pertinente para ter sido o Banco Espírito Santo, o financiador do projecto, "pelo desaparecimento de documentos e pelo anúncio pelo pai do negócio que o vencedor foi escolhido por leilão" (p. 18).
Bastará então a qualquer protagonista de um negócio entre Privados, Estado e Banca poder recorrendo a formas de construção em sociedades que sujeitas a algumas leis estrangeiras permitam ultrapassar a lei penal contornando e iludindo passos essenciais do mesmo? E desta pergunta, uma constatação, uma ideia que a oposição esclarecida do PS não se vê fazer. Que peso têm estes pagamentos, estes gastos desmesurados num instrumento de guerra e glória no peso da balança comercial e do déficit do País?
Seria importante fazer essa pergunta a quem liderou este processo e todos dias nos celebra de inteligência e verdade, com a sua ideia de que a esquerda gasta o que não tem, com o dinheiro dos outros.Não é possível fazer escolhas sem conhecer a realidade, as sombras de figuras envernizadas em faz-de-conta, sem a imóvel paixão do dinheiro e do poder que atravessam uma política sem decência pelas pessoas. Think of it!
A POLÍTICA IMUNDA, FAZENDO DO SER HUMANO MERA ESCUMALHA.
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