sábado, 4 de julho de 2015

A União Europeia - A afirmação de um novo fascismo

"[Os Europeus] já não acreditam no que existe, no mundo e no homem vivo; o segredo da Europa é este: ela já não ama a vida." (Albert Camus, O homem revoltado)


Goethe, Thomas Mann e Nietzsche pressentiram essa doença do espírito, a bactéria de onde ratos antigos emergiriam no seio de uma sociedade de massas, onde ao abrigo da mudança de palavras se mudariam as realidades, a percepção delas. Fenómeno dos anos trinta do século XX está de volta em contornos novos afirmando critérios semelhantes quanto ao desprezo pela vida e pela dignidade humanas. O tabu com que é usado só revela a sua emergência. 

A crise grega, mas também a portuguesa, o caso de Chipre e a Argentina dos anos setenta revelam o saque feito contra as pessoas para o enriquecimento de tecnocratas apátridas governados por silenciosos interesses políticos. A União Europeia tornou-se especialmente com a Comissão Europeia dirigida por Durão Barroso como uma instituição já sem vertente de solidariedade entre povos e como o mecanismo de domínio dos interesses geopolíticos da Alemanha. 

A recusa numa reforma institucional da própria União Europeia, os sucessivos tratados que negam uma ideia de longo prazo, o fim da Europa dos cidadãos, a emergência do poder das chancelarias, a não subscrição pela UE da Convenção Europeia dos Direitos Humanos do Conselho da Europa diz tudo sobre o poder tecnocrático em construção. Foi a Alemanha através desse exemplo de cidadania que se chama A. Merkel, a propor a entrada do FMI para os planos de resgate, assim como foi aí que nasceu esse instrumento de domínio chamado Troika. A Alemanha podia refinanciar-se a custos zeros e numa atitude não democrática, não decente e imoral a chanceler deste novo Reich impôs as medidas de austeridade, apoiando-se nos credores, famintos como tubarões de reembolsos, após ter inocentemente solicitado que colaborassem. 

O euro é só a redefinição continental do problema alemão após a 2ª Guerra e evoluiu da independência política para a económica. A UE está raptada por interesses de domínio de poderes não eleitos, não responsáveis. Todo o processo de grito da Grécia, única excepção de cidadania ma UE revela a má vontade e o desprezo das instituições europeias pela Democracia. Toda a Europa apenas sabe gritar dogmas em função de interesses particulares. O FMI deu outros tristes exemplos de hipocrisia e incompetência pois o Banco sediado na América não tem capacidade para resolver as questões de estados endividados no contexto de uma moeda única, onde não existe harmonização fiscal. 

A anacronia entre a Europa dos oligarquias  e a dos Cidadãos fez emergir uma nova forma de ditadura. Ditadura revestida de um imaginário de fascismo alimentado de partidos políticos que desistiram da sua tradição cultural e de agentes políticos que cultivam o niilismo, ou de media encharcados de "homens de negócios" dispostos a vender os seus emblemáticos produtos, os comentadores disfarçados de jornalistas sem espírito crítico. A demagogia do discurso da UE, os apolíticos que destroem as instituições. A profunda traição das "elites" escraviza milhões em produtos de consumo, em negócios de bancos. Os golpes de Estado ensaiados pela UE estão bem documentados. Basta não estar cego. Aqui.


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