sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O Syriza - A esperança e os outros

"O que fazemos pela vida ecoa pela eternidade" (Alexandre, O Grande)

É da mais profunda escuridão, aquela que se tem organiza em volta e sobre os interesses do império alemão. Um conjunto de gente, feitos políticos de ocasião, sustentam, no seu próprio interesse a destruição do equilíbrio económico e social, que a Europa viveu entre o fim do século XIX e a década de 70. Houve interrupções e ambas causadas pela ambição e arrogância alemã em dominar a Europa. 

Os anos oitenta organizaram o golpe ultra-liberal assente na individualização, na obsessão de criação de riqueza, não preocupada com a sua distribuição, a privatização como religião de Estado e adoração dos mercados, sem qualquer critério de rigor, a subordinação dos cidadãos aos interesses exclusivos do capital especulativo e o desprezo por tudo o que significa serviço ou bem público.

Aproveitando a inércia francesa, e a ausência inglesa em assumir o seu valor simbólico de liberdade frente à obsessão teutónica, a Europa, evoluiu de uma ideia generosa para ser o clube da Alemanha. Países diferentes sem harmonia fiscal e sem capacidade industrial teriam que trabalhar para a Alemanha ter o seu desenvolvimento industrial garantido. A classe política, com especial destaque para os que vêem a participação política, como apenas a melhor forma de obter privilégios têm sido os "kapos" desta política, que não tem contrato eleitoral e que expande a indecência aos limites que lhes aprouver.

A Grécia, criou com a vitória do Syrisa, a possibilidade de discutir novas formas de ter uma Europa de cidadãos e não só de mercados e corrupção política, pois notícias sobre a a ganância, feita empreendorismo, não faltam, neste país de aparências. A Grécia mostrou já que se move pelo bom senso, ao contrário da Alemanha e da União Europeia. Foram os excessivos cortes que fizeram uma contração da economia e fez aumentar ainda mais a dívida pública. Só uma tirania poderá pedir à Grécia que mantenha os défices, nos valores que interessam à Alemanha.

A vitória do Syrisa é uma ameaça para a ultra direita que governa na União Europeia, sob os comandos da Alemanha, porque a dívida foi concebida não como um fim, um caminho de progresso, mas um instrumento de dominação. Não é por acaso que se insiste em novas compressões salariais e de pensões, a destruição completa do Estado Social e as privatizações, de tudo e se possível até do próprio ar.

É perante uma nova batalha de Salamina que os Gregos se vêem. Desejemos-lhes sorte de todos os deuses do Olimpo para combater uma barbárie antiga, a da velha ganância e do poder absoluto dos que têm almas de tiranos. É preciso que a esquerda pense o que pretende propor com a falência da social democracia e é necessário que como consumidores vejamos como num mercado global a preferência dada a produtos alemães que só fazem aumentar a dívida comercial devem ser combatidos. 

No exemplo dado pelo "grande" governo dos senhores do irrevogável há que estar desperto para reconquistar a decência. É preciso discutir mais esta tentativa, de a Alemanha pela terceira vez, alterar a ordem europeia em dois séculos. Esperemos que desta vez, alguns dos países europeus acordem a tempo. É fundamental ouvir as pessoas e em movimentos de cidadãos agregar ideias para lutar pelo bem essencial da dignidade humana, nessa fórmula do saudoso imperador Adriano, "Libertas, Humanitas, Felicitas".

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