“Na
biblioteca da universidade vagueava por entre as estantes, por entre os
milhares de livros, inspirando o odor bafiento a couro, tecido e papel
ressequidos como se fosse um exótico incenso. Por vezes parava, tirava um
volume de uma prateleira e segurava-o um instante com as suas mão grandes, que
eram tomadas por um formigueiro perante essa sensação ainda nova da lombada, de
capa cartonada e das folhas de papel que se lhe ofereciam sem resistência.
Depois, folheava o livro, lendo um parágrafo aqui e ali, os seus dedos hirtos
virando as páginas cuidadosamente, com medo de, desajeitadas, rasgarem e
destruírem aquilo que tinham descoberto com tanto esforço.” (Pág. 18);
“Por
vezes, imerso nos seus livros, tomava consciência de tudo o que não sabia, que
não lera, e a serenidade à qual aspirava estilhaçava-se, quando percebia o
pouco tempo de que dispunha na vida para ler tanta coisa, para aprender o que
queria.” (Pág. 28);
“Esse
amor à literatura, à língua, aos mistérios da mente e do coração que se
revelavam nas ínfimas, estranhas e inesperadas combinações de letras e
palavras, na tinta mais negra e fria… esse amor que escondera como se fosse
ilícito e perigoso começou ele então a mostrar, hesitantemente a princípio e
depois com ousadia e, por fim, com orgulho.” (Pág. 104).
Publicado em 1964, passou despercebido até uma editora francesa o reeditar nos anos oitenta e termos tido acesso a um grande, imenso livro. Um homem calado, trabalhador agrícola,vivendo no mais passivo dos mundos, entre tarefas rurais programadas, descobre o fascínio pela Filosofia e sobretudo pela Literatura. Na verdade a uNiversidade fez nascer um homem para as palavras, para os seus significados, numa vida familiar vazia e triste. É no estudo dos clássicos, que vê uma oportunidade de ser alguém diferente, um professor de Literatura, um entusiasma pelas palavras, pelo que medem no mundo. No seu gabinete redime-se e encontra a felicidade.
Stoner é sobre o nascimento de um homem, alguém que descobre um sentido humano, mesmo na infelicidade conjugal, e nos livros encontra um refúgio. Magnificamente escrito, de uma certa tristeza pungente alberga as fontes por onde descobre o seu caminho. É um livro fascinante sobre o peso das Palavras, esse universo de mundos distantes e próximos que nos faz renascer em novas possibilidades. Um grande livro.
Publicado em 1964, passou despercebido até uma editora francesa o reeditar nos anos oitenta e termos tido acesso a um grande, imenso livro. Um homem calado, trabalhador agrícola,vivendo no mais passivo dos mundos, entre tarefas rurais programadas, descobre o fascínio pela Filosofia e sobretudo pela Literatura. Na verdade a uNiversidade fez nascer um homem para as palavras, para os seus significados, numa vida familiar vazia e triste. É no estudo dos clássicos, que vê uma oportunidade de ser alguém diferente, um professor de Literatura, um entusiasma pelas palavras, pelo que medem no mundo. No seu gabinete redime-se e encontra a felicidade.
Stoner é sobre o nascimento de um homem, alguém que descobre um sentido humano, mesmo na infelicidade conjugal, e nos livros encontra um refúgio. Magnificamente escrito, de uma certa tristeza pungente alberga as fontes por onde descobre o seu caminho. É um livro fascinante sobre o peso das Palavras, esse universo de mundos distantes e próximos que nos faz renascer em novas possibilidades. Um grande livro.
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