«É tempo de serem desmistificadas algumas mentiras descardas que a
comunicação social tem divulgado acerca do antigo presidente do BES. Por
exemplo. tem sido dito que Salgado recebeu uma prenda de 14 milhões de
euros. Não é preciso investigar muito para saber que é falso. De uma vez
por todas, as pessoas da classe social a que Ricardo Salgado pertence
não recebem prendas, recebem presentes. Também não é verdade que a
credibilidade do BES tenha ido pela sanita abaixo. Foi pela retrete.
Sejam rigorosos.»
Ricardo Araújo Pereira, Santos Alves dos Reis
«A falência do Grupo Espírito Santo, cujos interesses se espalham
por múltiplos sectores de actividade económica e financeira, desde a
saúde ao turismo, do imobiliário aos diamantes, da construção civil às
obras públicas, levanta a dúvida sobre a sacrossanta tese neoliberal,
segundo a qual "os privados estão mais vocacionados e são mais
competentes para gerir as empresas do que o Estado". Esta tese, que
parece ter pés de barro, tem levado à última sanha de privatizações,
muitas vezes de empresas do Estado que apresentavam lucros, como os CTT
ou a ANA. Até a Caixa Geral de Depósitos esteve nesta lista de
património público a passar para as mãos da "iniciativa privada". (...)
Responderão os aficionados neoliberais: as decisões das empresas
privadas não prejudicam o Estado, nem os contribuintes, mas apenas os
accionistas. Este argumento é, pelos vistos, falacioso, sobretudo depois
das consequências da presente crise europeia.»
Tomás Vasques, O mito da gestão privada
«O BES foi seguramente, nos últimos dez anos, o banco que mais
investiu em publicidade na comunicação social. Essa estratégia nunca foi
inocente. Na sua mão tinha sempre a espada de Dâmocles que levava o
director de qualquer rádio, jornal ou televisão a pensar duas vezes
antes de publicar algo desagradável para o banco verde. A esta actuação
aliava uma outra: o convite a jornalistas para irem a conferências de
uma semana em estâncias de neve na Suiça ou em França, onde de manhã se
ministravam cursos de esqui na neve e à tarde se ouviam especialistas na
área económica e financeira. E no Verão repetia-se a dose: uma semana
num barco algures no Mediterrâneo, acompanhando a Regata do Rei, até que
num dos dias se subia a bordo do veleiro (ou será iate?) onde estava
Ricardo Salgado para uma conversa descontraída sobre o banco.»
Nicolau Santos, Duas ou três coisas ...
«Como bem refere o Professor Pedro Lains não faltam por aí fascinados da finança e apologistas da propaganda. E
como andam eles a lidar com o caso? Resposta: a inverter as setas
causais e a tapar o elefante com lenços de assoar! Veja-se o caso do
investigador e colunista Rui Ramos.
Diz que o BES tem sido "um dos principais braços financeiros do poder
político democrático, um dos meios através dos quais os governos
controlaram a economia". Bom: é precisamente o contrário. Vá... é pelo
menos muito mais plausível argumentar que tem sido o poder oligárquico
que tem instrumentalizado o poder democrático! Certo?! E veja-se o caso
do colunista João Pereira Coutinho. Como se poder dizer taxativamente que " Quem confunde BES com o BPN deve fazer exames à cabeça"?! E será que quando é um privadoa entrar em incumprimento está tudo bem mas quando é o público a reestruturar a dívida
está tudo mal?! .... Isto é, e em suma: os media são "comunicação
social" ou "comunicação anti-social"?! Será tudo apenas má informação
ou, afinal, contra-informação?"
Sandro Mendonça, DesBESificar o País
«É por isto tudo que não aceito a culpabilização sistemática dos
mais pobres e mais fracos e da classe média, por terem vivido “acima das
suas posses”, mesmo quando não o fizeram. E mesmo quando havia uma casa
a mais, um carro a mais, um ecrã plano a mais, um sofá a mais, um
vestido ou um fato a mais, umas férias a mais, uma viagem a mais,
recuso-me a colocar estes “excessos” no mesmo plano moral dos “outros”.
Algum moralismo salomónico, que coloca no mesmo plano a corrupção dos
poderosos e dos de cima com os pequenos vícios dos de baixo e do meio,
tem como objectivo legitimar sempre a penalização punitiva de milhões
para desculpar as dezenas. É por isto que esta crise corrompe a
sociedade e vai deixar muitas marcas..."
José Pacheco Pereira, Só com os criminosos pobres é que não se pode comer à mesa
(Imagem - Copyright: www.bigstock.com)
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