sábado, 19 de julho de 2014

«Ler, Escrever, Sentir...»

O tempo permite-nos guardar o que vamos vivendo. Já tem uns anos e lembrei-me dele, agora que quem o escreveu há meia dúzia de anos chega ao fim do percurso escolar, antes da entrada nesse reino diferente e único que é a Universidade. É também a lembrança de uma aluna muito especial, que desde cedo revelou um espírito humano de grande sensibilidade. E serve-nos ainda para acreditar que a educação talvez ainda possa ser, apesar dos funcionários de serviço de algo capaz da transformação de que Mandela tanto falou. E acima de tudo convergir para uma ideia essencial, a curiosidade que nos faz querer aprender, descobrir, numa homenagem às palavras e ao espírito.
 «Estudar é muito importante para mim. Estudar é aprender. Cada um é livre de querer ou não estudar. Mas se eu não estudasse ainda hoje não saberia escrever nem ler. Ler é tão simples que muitas vezes passa despercebido. Quando não sabia ler e via um filme dizia que no fim passavam «as letras» que é como quem diz a Ficha Técnica. Já não é tão frequente, mas dá para reflectir. Eram simplesmente letras que hoje fazem sentido.

O prazer de ler. Ler um livro. Ler um livro ou um conto é viajar, no tempo, no espaço, em ambas ou apenas para outras dimensões. Sejam elas de um mundo diferente ou apenas uma qualquer casa ao virar da esquina, ao sair da cidade, na serra, numa escola... Há histórias que nos parecem desenrolar-se ali mesmo ao lado. Outras que nos levam. Para mim ler é um prazer indiscutível. Ler uma notícia é estar informado.

Ler e escrever são coisas que para mim são essenciais. A ler distraio-me, aprendo coisas que não sabia. Escrever é como um refúgio. Um sítio para onde vou quando estou triste ou feliz, quando estou baralhada ... É como se um caderno fosse um sítio só meu, um lugar onde só eu posso entrar e para o qual só eu tenho a chave.

A ler costumo reagir às emoções que o texto sugere. Se é triste também eu fico triste, mas mais vontade ainda de continuar e ver como se desenrola. Se tem uma certa graça acabo também a rir. Mas ao mesmo tempo se largo o livro as emoções também ficam para trás.

Cada um é livre de fazer o que quiser e bem entender. Eu gosto mas, há quem não goste. Não entendo. Quer dizer, escrever ainda percebo mas, ler e estudar? Preguiça! Ler é fácil. Ainda me lembro das primeiras vezes que visitei monumentos depois de saber ler...ficava uma data de tempo a ler as indicações, mas li-as todas!

Há livros que nos ensinam coisas importantes. Por exemplo «A Lua de Joana» que nos dá uma lição sobre os ... «maus», talvez não seja a palavra certa, as amigas e as drogas, ou a colecção «Viagens no Tempo» que sob a forma de aventura nos fala na História de Portugal ... «O Detective Maravilhas» que resolve dilemas que surgem numa escola bem actual... e até «O Clube das Chaves» que nos leva à nossa história e cultura... e não sei mais quantos livros que nos fazem aprender.

No entanto nem tudo vem nos livros. Há muita coisa que temos de aprender com o tempo. A saber lidar com situações difíceis, a acabar com discussões e falar com calma... ah... tanta coisa que aprendemos com o dia-a-dia!» 

(Inês Olaia - numa escola há alguns séculos atrás).
Imagem (Pierre-Auguste Renoir, Rapariga Jovem a Ler,
in http://osilenciodoslivros.blogspot.com)

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