sexta-feira, 6 de junho de 2014

Operação Overlord

Foi há justamente setenta anos que nas praias da Normandia, as forças aliadas desembarcaram, de modo a pôr fim que representou de forma perfeita o mal absoluto, o nazismo. A operação pensada ao longo de dois anos, para derrubar a muralha do Atlântico, foi dirigida por David Eisenhower e Bernard Montgomery colocou no campo das praias de França cerca de cento e cinquenta e dois mil homens. O custo em vidas humanas foi enorme. Mais de cem mil mortos entre civis, forças aliadas e o lado alemão.

Nesta altura, pela sua importância o presidente americano e figuras europeias, com destaque para as inglesas, costumem deslocar-se ao local para relembrar a importância e significado dos que lutaram e perderam a vida nestas praias. Especialmente por parte da América salienta-se sempre muito junto do memorial o significado das acções pessoais e como a perda da consciência e do sentido de humanidade podem conduzir ao fim da vida humana. A grandeza daqueles foi a de realizar algo, com grande perigo pessoal, permitindo que o futuro da Humanidade mudasse. É preciso relembrar o seu exemplo de dignidade sobre a maldade que, todos precisamos de celebrar, para reconstruir a sua memória no próprio presente, contra todo o esueciemento.

São acções que o presente tem esquecido. Lições de humildade e de grandeza, onde o valor de cada pessoa pode contribuir para mudar pela sua acção aquilo que discorda com a nossa humanidade, e a de lutar, acima de qalquer cultura pelo que é digno. São ideias que a Europa esqueceu. A nomenklatura burocrática servida ao imperialismo alemão esqueceu-se da nobreza de espírito, dessa ideia que Thomas Mann pressentiu que a "democracia" esqueceria.

O exemplo daqueles homens deve ensinar-nos a construir e a exigir um caminho de respeito por todos, reconhecendo a História e tomando acções pela real defesa daquilo que há quatro anos Obama chamou "a nossa humanidade partilhada". A Europa não compreende estas palavras, ficando a União Europeia e a sua "inteligensia" fora deste futuro, que é o dos cidadãos, das pessoas, não do mercantilismo imperial de alguns. A Europa chegou a um ponto em que apenas sabe gritar sobre a derrota de sistemas totalitários. Nada sabe sobre como construir um caminho, um mundo de valores. A União europeia encaminha-se para o desastre acumulado de privilégios de uma casta política, que nada resgata à memória, à sua memória. A operação Overlord é para a União Europeia, ainda e só uma arqueologia de cidadania sem substância.
(Imagem, in Magunphotos.com)

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