segunda-feira, 19 de maio de 2014

Exames ...

"O objetivo da educação é criar entes humanos integrados e, por conseguinte, inteligentes. Podemos tirar diplomas e ser mecanicamente eficientes, sem ser inteligentes. A inteligência não é mera cultura intelectual; não provém dos livros, nem consiste em jeitosas reações defensivas e asserções arrogantes". (Jiddu Krishnamurti)

Iniciaram-se hoje mais um conjunto de provas sistémicas a que um conjunto de falsos eruditos julgam poder no espaço público promover a aparente verdade que é neles que reside o fundamento de educação. O sistema eductivo português não está construído e cada vez menos para a construção de cidadãos que saibam pensar, que analisar criticamente a informação.

O discurso do rigor é uma ideologia que não respeita as diferenças sociais e por isso toda a propaganda da igualdade de oportunidades só não faz rir por se tratar de algo tão triste e limitador do futuro das crianças. Os exames nada provarão, apenas dirão que cenários de prova melhor foram testados. Pura mecânica, sem emoção, nenhuma poesia em rudimentos de ciência.

Todo o processo é um esclarecimento sobre uma visão do mundo retorcida, de um tempo que já passou nos ambientes esclarecidos, onde projectos educativos locais se erguem para assimilar a diferença. As indicações dadas revelam como opoder considera os imprestáveis professores, aliás como o poder político considera a sociedade, criancinhas obedientes e sem pensamento.

A leitura ordenada e escalonada, os elevados critérios pensantes de num ciclo ser uma cor a possível para escrever e noutro já podem ser duas revelam muito desta incapacidade de ver nos outros a possibilidade de construir uma sociedade. No edifício montado, onde as pessoas não têm valor nenhum reconhecido, onde os iluminados decidem tudo, onde a autonomia é uma piada de mau gosto, os exames de nada servem. 

Apenas justificam um discurso que engana os que não sabem no que se tornaram as escolas. Empresas, isso mesmo me dizia uma aluna do secundário, no ano lectivo passado. O pensamento crítico necessita de fundamentos, de ser alimentado pela imaginação e pelo gosto em se viver numa escola que forme pessoas, onde cultura e ciência, memória e arte tenham significado substantivo. Nesse enquadramento conhecer o que os alunos sabem realizar seria importante, não num clima de empresa que se postula como uma imensa fábrica de operários obedientes.

Sem comentários:

Enviar um comentário