quinta-feira, 27 de março de 2014

Leituras - Firmin

"Como conseguiu ele escapar. Da mesma forma que todos nós escapamos. Por milagre".

Firmin é uma comovente alegoria sobre o que significa nascer, crescer e entrar num mundo connosco, com os sonhos para olhar a realidade, vivê-la e se possível transformá-la. Firmin é a alegoria dos sonhadores, dos que acreditam no milagre, em que cada instante novas possibilidades sonham o real, dão-lhe poesia e consistência. Firmin é uma personagem presa num corpo, mas livre no real e no sonho que constrói em cada momento, em cada gesto de sobrevivência, em cada encontro que pela cidade tenta descobrir as cores e os cheiros que o fazem vivo.

Fimim é uma alegoria sobre como a imaginação, a aventura, o livro pode romper as mais fechadas fronteiras, das a cada um a participação numa festa que é também um grande desalento - a natureza humana nos seus conflitos mais difíceis. Escrito por quem conhece a vida pelo lá de fora, dos sesenqudrados, dos que renascem em geografias descobertas pela ousadia, pela carência e que fazem dos possíveis encontros, a respiração dos objectos partilhados, do sonho de amar o essencial.

Palavras sobre nós próprios, sobre essa revelação do rosto, do perfume no cabelo, do encontro nas mãos, desse encontro sublime pela beleza, mas também a solidão pelas memórias de crepúsculo, sempre com a energia e o contentamento que a aternidade se faz em cada momento. Sam Savage também é um dos grandes.

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