quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Memória de Sá Carneiro

"A democracia económica postula a intervenção de todos na determinação dos modos e dos objectivos de produção, o predomínio do interesse público sobre os interesses privados, a intervenção do Estado na vida económica e a propriedade colectiva de determinados sectores produtivos; pressupõe ainda a intervenção dos trabalhadores na gestão das unidades de produção. A democracia social impõe que sejam assegurados efectivamente os direitos fundamentais de todos à saúde, à habitação, ao bem-estar e à segurança social; exige a abolição das distinções entre classes sociais diversas e a redistribuição dos rendimentos, pela utilização de uma fiscalidade justa e progressiva". (Via Abrupto)

Os gurus que pelos media definem a excelência do pensamento, o valor utilitário da democracia e do progresso, em livros, jornais e blogs, no sentido da grande frase, da linguagem de indecência pela vida, os que proclamam com piadas sonoras a inutilidade da História e da memória, esquecem-se do valor humano dos que por aqui souberem respeitar um território e a sua identidade.

Existem pessoas que passaram por nós e emergem como uma onda que pretende marcar na praia sossegada e previsível dos dias algo de diferente, qualquer ideia de mudança, uma paixão pelo confronto com a realidade estática.Existem pessoas que emergem como alimento de um movimento maior, original, criativo, arriscando as convicções no seu objectivo de alimentar a confiança e o entusiasmo.

Existem pessoas que parecem ter uma áurea significativa para impulsionar os movimentos de mudança, acreditando vigorosamente nas suas convicções, como se elas assegurassem sempre um ganho em qualquer contexto, apesar das dificuldades. Convicções com respeito pelos outros, onde a palavra e a acção se comprometem com um quotidiano.

Existem pessoas que parecem ter uma dádiva de conquista pelo seu carisma, pela luta intransigente, pela ruptura, sem concessões por uma quietude mais calma. Ruptura alimentada por ideias, por aquelas que na sociedade permitem construir oportunidades e da vida que se alimenta apenas de si própria.

Apesar de ainda só terem passado trinta e três anos, o que em História é uma ninharia, não é difícil entregar a Sá Carneiro esse papel com que arriscou os dias. O que teria sido nunca o saberemos. Foi uma figura de primeiro plano na conjuntura dos anos setenta do século passado. No adormecimento de valores que o País vive há duas décadas, Sá Carneiro deixou-nos a interrogação de sabermos até onde iria a sua convicção pelo afrontamento, pela criação de rupturas para algo diferenciado nos dias.

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