sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

"Libertas, Felicitas, Humanitas"


"Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias."


Sophia, Apesar das ruínas e da morte, "I", in Poesia

A sua vida preencheu o que o Imperador Adriano disse nos longínquos anos do século I, "as intermitentes formas de eternidade" que buscamos entre homens que compreendem com formas novas as pedras caídas das estátuas e das cidades que adormeceram. Os homens que percebem o valor e o significado dessa imensa forma de beleza e de dádiva que é "Libertas, Felicitas, Humanitas". 

Sendo a sua vida um exemplo maior, muitos escreverão a evidência da sua entrega, a luta por um ideal, a infinita capacidade de se conduzir nesta respiração que ambiciona outorgar em cada um o seu infinito valor humano. É verdade que há muito se temia, a sua perda material, mas ele é já há algum tempo um património de memória, de inspiração e de dignificação do que cada homem pode ser.

Num tempo de ruído, saberemos todos compreender o valor do seu amor pela Humanidade, o significado que cada um pode ter nos outros? Mandiba confirma-nos que todo o impossível se pode alimentar da esforço e de luta e que mesmo os que marcham com o poder, os que recusam o papel da memória e da identidade cultural, também podem e devem ser combatidos em nome de uma decência e dignidade humanas. 

A ideia maior que Yourcenar consagrou na voz de Adriano, "Toda a miséria, toda a brutalidade deviam ser interditas como insultos ao belo corpo da humanidade. Toda a iniquidade era uma nota falsa a evitar na harmonia das esferas. (...) Toda a felicidade é uma obra-prima: o menor erro falseia-a, a menor hesitação altera-a. A menor deselegância desfeia-a, a menor estupidez embrutece-a". Acreditemos, pois que os impossíveis são-no apenas enquanto não lhe dedicámos a nossa entrega em comunhão com os outros.

Sem comentários:

Enviar um comentário