segunda-feira, 8 de abril de 2013

Jacques Brel...



(Não sei bem porquê, mas sempre lhe achei na voz terna e doce, amarga e revoltada uma ternura capaz de fazer nascer dias novos. Abril e o renascimento primaveril, os sonhos e as desilusões, a construção que nos é dada a nós como possibilidade sempre me pareceu nele capaz de nos fazer redimir a nós próprios. Todos nós fomos em alguns momentos Brel, no sentido em que ele nos cantou nos nossos mais precários sonhos, no cansaço dos westerns perdidos. "Dieu sont tous les hommes", é um manifesto antes de todas as "revoluções", as que partem da página em branco para olhar a humanidade de frente. Que saudade deste artista fascinante e deste homem único!
«Com certeza existem as guerras da Irlanda
e também povos sem música...
Com certeza, com toda esta falta de carinho (...)
Com certeza andamos sobre as flores...
Mas ver um amigo chorar! (...)

Com certeza as cidades se esgotaram
para estas crianças de cinquenta anos
Nossa incapacidade de ajudar (...)
Claro que o tempo passa muito depressa
estes subterrâneos cheios de afogados
É a verdade que nos evita...
Porém ver um amigo a chorar! (...)

E todos estes homens são nossos irmãos
Com certeza estamos assombrados
pelo amor que nos dilacera...
Mas ver um amigo chorar!» (1)

Jacques Brel, Voir un ami pleurer

(No Nascimento de Brel, oitenta e quatro anos depois, a voz de uma palavra intensa e inesquecível.)

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